Violência contra o/a jovem*
A violência em todas as suas formas vem se
tornando cada dia mais e mais real, principalmente se pensarmos nos mais
vulneráveis. Dentre esses vulneráveis se encontra a juventude que é
aterrorizada por diversos meios e tantas vezes esses diversos meios leva-os
também a aterrorizar outros e outras cidadãos e cidadãs.
*Texto publicado na Revista Arquidiocese em Noticias em janeiro de 2018.
Começamos refletindo a juventude (de 15 a 29
anos) como agentes protagonistas de suas vidas, responsáveis pela sua vontade
de crescer e de viver dignamente, aquele e aquela que precisa estudar,
trabalhar, dar conta de ajudar em casa e viver seus ânimos juvenis, isso seria
bom se efetivamente acontecesse, mesmo que ainda fosse um desafio para uma pessoa.
Porém seria hipocrisia armar que as coisas para a juventude acontecem assim de
maneira simples e fáceis, na realidade a juventude de maneira geral (cientes de
que a massa da juventude vive em contexto sociais de escassez) começa a sofrer
violência desde a infância onde necessita de uma escola infantil, que é base, e
não encontra vagas ou se deparam com escolas de má qualidade e sem a devida
supervisão e orientação, esse drama da escolaridade chega na adolescência e
juventude de maneira bem mais violenta e agressiva, sendo imposto a eles e elas
responsabilidades sem as mínimas condições necessária para o nosso tempo, um
exemplo é quando um ou uma jovem se rebela ou é expulso da escola (como um
produto não conforme a uma produção de fábrica) faltam motivos e incentivos
para que esse ou essa jovem tenha aderência e concordância dos valores sociais
válidos. Sendo a escola de qualidade um direito previsto no Estatuto da Criança
e do Adolescente e no Estatuto da Juventude, que prevê também políticas públicas
para o acesso desses e dessas jovens à escola (como o passe livre).
Sem a escolaridade necessária a inclusão do e da
jovem no mercado de trabalho é quase inexistente, muitos e muitas ainda escapam
no mercado informal (se refletido é uma forma de violência, pois não garante os
recursos necessários para quando sua idade avançar ou não garante o descanso
necessário). A falta de empregabilidade, a falta de oportunidade gera uma
frustração e um desiquilíbrio na vida do e da jovem, tornando o mesmo alguém
vulnerável ao sistema. Dentre outras violências passivas, temos a falta de
espaços de lazer e de esportes que não chegam nas periferias das nossas
cidades. Sem a escola de qualidade e com mecanismos necessários para uma
educação saudável, sem empregos que garantam as necessidades dos jovens e sem
as práticas de esportes e lazer condenamos violentamente os e as jovens a uma
vida de restrições materiais e de anomia social, impulsionando para um caminho
de delinqüências e crime, tornando--os/as mais vítimas de um sistema que não propõe
políticas públicas necessárias, do que fomentador.
Ainda há aqueles e aquelas que desconhecem o
Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da Juventude onde encontramos
meios necessários para ajudar na ressocialização de jovens e adolescentes
infratores, que se feitos como previstos dão um passo para a superação da
violência. As pessoas assombradas com a violência e com ânsias de vingança
incitadas pela mídia que naturaliza a violência e clama pela redução da idade
penal, pela tortura e pela penalidade com a vida, pelo encarceramento sem uma
justiça regenerativa, que mais geram violência e tem nas costas um punho mais
orçamentário, econômico e de criminalização dos/as menos favorecidos
socialmente, discursos que não se encontram com a prática de Cristo.
Precisamos nos sensibilizar com as vidas, não
podemos naturalizar a violência e a morte de tantos e tantas jovens. O Amazonas
tem números alarmantes nos índices de homicídios de jovens na Região Norte e
precisamos propiciar espaços para a superação da violência, a exemplo de Jesus que
com o amor fazia as vidas se encherem de esperança, por isso cada dia a mais
cremos que a vida da juventude merece atenção, amor e respeito. Crentes nas
transformações sociais, afirmamos que nem tudo está perdido, é tempo de
arregaçar as mangas lutar pela criação e efetivação de políticas públicas para
a juventude. Com a arte, o esporte, a educação de qualidade e o empenho permanente na construção da Civilização do Amor, seremos mais irmãos e irmãs.
Por: Raissa Barbosa - secretaria arquidiocesana da Pastoral da Juventude
*Texto publicado na Revista Arquidiocese em Noticias em janeiro de 2018.