Violência contra o/a jovem*

A violência em todas as suas formas vem se tornando cada dia mais e mais real, principalmente se pensarmos nos mais vulneráveis. Dentre esses vulneráveis se encontra a juventude que é aterrorizada por diversos meios e tantas vezes esses diversos meios leva-os também a aterrorizar outros e outras cidadãos e cidadãs.

Começamos refletindo a juventude (de 15 a 29 anos) como agentes protagonistas de suas vidas, responsáveis pela sua vontade de crescer e de viver dignamente, aquele e aquela que precisa estudar, trabalhar, dar conta de ajudar em casa e viver seus ânimos juvenis, isso seria bom se efetivamente acontecesse, mesmo que ainda fosse um desafio para uma pessoa. Porém seria hipocrisia armar que as coisas para a juventude acontecem assim de maneira simples e fáceis, na realidade a juventude de maneira geral (cientes de que a massa da juventude vive em contexto sociais de escassez) começa a sofrer violência desde a infância onde necessita de uma escola infantil, que é base, e não encontra vagas ou se deparam com escolas de má qualidade e sem a devida supervisão e orientação, esse drama da escolaridade chega na adolescência e juventude de maneira bem mais violenta e agressiva, sendo imposto a eles e elas responsabilidades sem as mínimas condições necessária para o nosso tempo, um exemplo é quando um ou uma jovem se rebela ou é expulso da escola (como um produto não conforme a uma produção de fábrica) faltam motivos e incentivos para que esse ou essa jovem tenha aderência e concordância dos valores sociais válidos. Sendo a escola de qualidade um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Estatuto da Juventude, que prevê também políticas públicas para o acesso desses e dessas jovens à escola (como o passe livre).

Sem a escolaridade necessária a inclusão do e da jovem no mercado de trabalho é quase inexistente, muitos e muitas ainda escapam no mercado informal (se refletido é uma forma de violência, pois não garante os recursos necessários para quando sua idade avançar ou não garante o descanso necessário). A falta de empregabilidade, a falta de oportunidade gera uma frustração e um desiquilíbrio na vida do e da jovem, tornando o mesmo alguém vulnerável ao sistema. Dentre outras violências passivas, temos a falta de espaços de lazer e de esportes que não chegam nas periferias das nossas cidades. Sem a escola de qualidade e com mecanismos necessários para uma educação saudável, sem empregos que garantam as necessidades dos jovens e sem as práticas de esportes e lazer condenamos violentamente os e as jovens a uma vida de restrições materiais e de anomia social, impulsionando para um caminho de delinqüências e crime, tornando--os/as mais vítimas de um sistema que não propõe políticas públicas necessárias, do que fomentador.

Ainda há aqueles e aquelas que desconhecem o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da Juventude onde encontramos meios necessários para ajudar na ressocialização de jovens e adolescentes infratores, que se feitos como previstos dão um passo para a superação da violência. As pessoas assombradas com a violência e com ânsias de vingança incitadas pela mídia que naturaliza a violência e clama pela redução da idade penal, pela tortura e pela penalidade com a vida, pelo encarceramento sem uma justiça regenerativa, que mais geram violência e tem nas costas um punho mais orçamentário, econômico e de criminalização dos/as menos favorecidos socialmente, discursos que não se encontram com a prática de Cristo.

Precisamos nos sensibilizar com as vidas, não podemos naturalizar a violência e a morte de tantos e tantas jovens. O Amazonas tem números alarmantes nos índices de homicídios de jovens na Região Norte e precisamos propiciar espaços para a superação da violência, a exemplo de Jesus que com o amor fazia as vidas se encherem de esperança, por isso cada dia a mais cremos que a vida da juventude merece atenção, amor e respeito. Crentes nas transformações sociais, afirmamos que nem tudo está perdido, é tempo de arregaçar as mangas lutar pela criação e efetivação de políticas públicas para a juventude. Com a arte, o esporte, a educação de qualidade e o empenho permanente na construção da Civilização do Amor, seremos mais irmãos e irmãs.
 
 
Por: Raissa Barbosa - secretaria arquidiocesana da Pastoral da Juventude
 
 



*Texto publicado na Revista Arquidiocese em Noticias em janeiro de 2018.

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